Um dia tropecei em ti


A coisa mais rara do mundo é encontrar quem já nos pertence. Tropeçar numa metade de nós, em que nunca tínhamos reparado. Descobrir que o que sempre nos faltou afinal vivia ali tão perto de nós. Ou quem sabe, sempre tinha estado dentro de nós. O mais difícil é descobrir ao acaso que essa metade é nossa. Tropeçar nessa realidade e perceber porque é sempre nos sentimos incompletos.

Quando um dia tropecei em ti. No dia em que me olhei ao espelho e te vi ali ao meu lado. Sim, tu estavas ali a olhar para mim. Tu eras o procurava sem saber e o que encontrei sem procurar. De repente, eu que sempre tinha sido um ser incompleto, sentia-me preenchida pela força que vinha de ti. Tinha deixado de ser a pessoa que nunca se encontro com ela própria. Deixei de me sentir perdida na estrada da vida, só porque tu existia e estavas ali.

Do nada, no seguimento de mais um passo no caminho vazio, em que somente pisava as pedras frias da calçada, apareceste tu. Essa força magica que me pertencia. A outra parte de mim que andava por ai pelo mundo e já me pertencia, sem que eu o soubesse.

A coisa mais rara do mundo é olhares para um desconhecido e reconhecer que está ali um sentimento que te pertence. Procurar no olhar de um estranho o que faltava na vida que é tua, e que a partir desse momento, passa a ser também desse outro que a vida fez chegar até ti. Essa a magia que a vida te oferece, sem te dar opções de escolha. Esse outro pertence-te e não precisas de o escolher.

A coisa mais rara do mundo é sentir o improviso a parecer-te a coisa mais natural da vida. Encontrar a razão da tua existência no mesmo caminho que sempre julgaste não ter saída. É de repente ter luz naquele túnel escuro onde sempre viveste. É perceber que o que é teu e sempre te pertenceu, não estava onde procuravas a felicidade que não se deixava agarrar. Estava, sim, escondido sob a capa da vida, envolve na sombra do destino.

@angela caboz


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