Não quero ser uma mulher vulgar


Cheguei a esta vida nua! Não trazia comigo na hora do meu nascimento quaisquer marcas ou cicatrizes na alma. O meu coração era puro e os meus olhos ainda não vislumbravam os caminhos da tristeza.
Foi assim que sai do ventre da minha mãe. Foi assim que os meus olhos viram o mundo pela primeira vez. O meu corpo ainda não tinha sentido nem fome nem sono. Ainda não sabia o que eram desejos ou desgostos.
Quando nasci, fiquei sentada à porta de um paraíso. Os meus olhos só viram um jardim maravilhoso onde pairava o cheiro da pureza e o meu corpo sentiu apenas a beleza de respirar vida pela primeira vez julgando que o mundo era o lugar perfeito para viver.

Nasci com o coração embrulhado em folhas de papel de fantasia. Como se fosse uma prenda rara e especial. A minha alma era sensível e ainda apetecível às mãos e aos olhos de quem para mim olhava sem saber tudo o que um dia eu seria. O meu futuro era apenas o sonho que nasceu comigo e que me acompanharia no percurso desta longa caminhada.

Fui aos poucos carregado na bagagem algumas emoções negativas. Algumas sensações destrutivas, a que também juntei alguns erros cometidos, bem como alguns pecados sem perdão. Foi assim que, fui desenhando o ser que hoje sou. Com tudo o que plantei e tudo o que colhi no jardim do destino.

Não quero ser uma mulher vulgar. Daquelas que toda a gente conhece e que, não verdade, poucos são os que sabe quem ela é. Quero ser um ser com coração. Uma alma colorida com sentimentos e ter uns olhos brilhantes que sabem sorrir. Quero ser um ser sensível. Mas não daqueles que choram todos os dias por tudo e por nada. Quero ser forte mantendo a sensibilidade de uma alma emotiva.

Preciso saber a que sabem as minhas lágrimas, para que possa procurar as mãos certas para as secarem. Quero conhecer o sabor de um abraço que me aperta no momento certo, ainda antes de eu o procurar.

Sei que, os anos irão voar das minhas mãos e fugir para os meus ombros. Deixarei de ser a menina sonhadora para me transformar numa mulher estranha. Aquela que rabisca sentimentos nas linhas de alguns poemas escritos por outros que com ela se foram cruzando.

Serei a mulher que lê as prosas da sua história no livro que a vida lhe escreveu na alma. Sentirei no meu corpo o peso das paixões que deram liberdade aos meus desejos. Mas que, em contrapartida me roubaram alguma paz ao coração.


@angela caboz  

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