A morte não existe (**)

A morte não existe, nem sequer é o contrário da vida.

A vida é uma evolução constante da alma, que em determinadas fases da sua caminhada pára. Faz uma pausa, para mudar a sua imagem exterior. Para definir o quer fazer a seguir. Para subir mais um degrau nessa espiral de tempo que é a sua caminhada por este universo.

É por isso, que me sinto feliz todos os dias ao acordar. É por isso, que sou grata à vida, por ela me abraçar com a luz do sol e o brilho da lua. Sou feliz, porque o meu corpo respira e a minha alma afina os sentimentos do meu coração. Sou feliz, porque sinto o vento na minha cara e a chuva purifica-me o corpo. Esse corpo, que por vezes, está sujo com os gritos da razão que não sabe aproveitar a vida e apenas a complica, procurando explicações no vale das confusões. Sou feliz, até nos dias em que nada faço, porque a alma acorda coberta pela nuvem cinzenta do pensamento que lhe irá ocupar todo o dia, não deixando tempo livre para mais nada.

Mas, mesmo assim, eu continuo a sentir-me grata por ser quem sou. Por cuidar desta planta frágil em que me tornei, sabendo que tantas vezes balanço entre o ser e o não ser, até que finalmente me encontro e me visto como orgulho que tenho na pessoa que sou. Quando me olho ao espelho e me digo o quanto me amo e é nesses instantes que vejo por detrás de mim o reflexo mágico do amor que me ajuda a continuar a caminhada.

A morte não me assusta. Ela não existe.

Eu aprendi a respeitar as paragens que a vida tem que fazer. Respeito que a vida se canse de viver sempre no mesmo registo e tenha a sua própria necessidade de evoluir e de se superar.

É por isso mesmo que de vez em quanto existem desafios que ficam concluídos e ela resolve descansar um pouco. Dorme durante algum tempo para recuperar forças e pureza, depois volta com uma nova imagem pronta para mais uma luta. Sim, porque a vida nunca se dá por vencida. Continua mesmo quando a queremos fazer de esquecida. Regressa depois de a termos julgado terminada, com uma nova cara e um corpo rejuvenescido e faz de novo à estrada.

@angela caboz