Sonhei-te
Senti-te no meu sonho. Como se estivesses ali comigo. Como se
fossem teus os braços que me envolviam. Como se fossem teus os lábios que me
beijavam. Tudo me parecia tão real, mas a verdade é que era apenas um sonho.
Parecia que uma parte de mim que te pertencia e uma parte de ti que era
minha.
Olhava-te e via-te. Tocava-te e sentia-te. Ouvia a
música do amor, aquela que poderia ser a nossa música. Dançávamos ali
agarradinhos. Sentindo o ritmo dos nossos corpos, ao som daquela sinfonia de
que tanto gostávamos.
Fazia frio e os nossos corpos aqueciam-se na
intensidade da sua paixão. Fazia frio e lareira estava acesa, havia dois copos
de vinho esquecidos sobre a mesa.
Oferecias-me uma flor. Passavas-me a mão pelo rosto e
ias deslizando os teus lábios, até eles encontrarem os meus. A seguir
perdias-te numa viagem pela minha pele, que se arrepiava com o calor da
nossa paixão. O jogo começava e os nossos corpos cediam ao desejo que neles
existia; o frio desaparecia e era o calor que nos incendiava o desejo.
Tudo parecia tão real, que eu confundia o sonho com a
vida. Não entendia que um sonho não é um amor real. Naquele instante, eu apenas
sonhava com uma paixão que me parecia verdadeira. Era o meu coração a desenhar
futuros. Era a loucura da paixão a semear desejos no meu corpo.
E sonhei-te meu, sem que nunca me tenhas pertencido.
Sonhei-te meu sem que alguma vez te tivesse tocado. Tudo era apenas um sonho, uma
realidade que não existia, um sonho que estava fora do nosso alcance.
Tu nunca te tinhas cruzado comigo. Tu eras a ilusão
que me vestia, nas noites frias de Inverno, e a fantasia que me refrescava nas
tardes quentes de Verão.
Sonhei-te devagar, com receio que o sonho
acabasse!
Batias na porta da minha vida e pediste para entrar.
Espreitavas para o que restava de mim. Oferecias a tua ajuda a um coração
sofrido, dividindo amor com este coração que estava carente. Abraçavas esta
alma desconsolada, e recebias de volta tudo o que faltava, ficavas gordo de
carinho e atenções. Alimentavas o nosso amor, que te obrigava a esquecer tudo o
que há muito não querias recordar.
Sonhei-te e trouxe-te contigo para encontrar no sonho
vontade de viver. Imaginei-te com sorrisos para dar e vender. Eras o príncipe
que acordava uma Alma que andava adormecida.
Sonhei-te e o sonho parecia tão real que ouvia o ruído
do teu sorriso que me fez descobrir a magia de me sentir viva.
Só que, de repente, o sonho terminou e agora o que
faço com esta ilusão que despertou nos meus braços. Como volto a viver em
silêncio, escondida na muralha da solidão.
Sonhei-te e estive tão perto de tocar a realidade. Agora não
queria acordar, porque nos sonhos existe sempre espaço para nós dois e aqui, na
vida real, eu tenho um mundo gigante onde vivo sozinha.
@angela caboz
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