Tu fizeste de mim uma mulher nova.

Tu não precisaste de me contar a tua história. Tu olhaste e eu vivi a história do teu passado. Os teus olhos eram como que um espelho, onde eu podia ver todos os teus sentimentos. O teu olhar era a minha visão do sofrimento. Estava ali tudo o que tu eras. Ao mesmo tempo eu podia agora entender tu o que eu sou.

Desde aquele dia passamos a falar sem palavras. Eu escutava o teu coração. Tu lias-me os sentimentos no olhar. Eu compreendia a revolta da tua alma. E tu, em troca, ensinavas-me qual era o rumo do nosso futuro.

Tantas vezes vi as lágrimas, que não escorriam pela tua face. Tu ao contrário de toda a gente choravas com a alma. E só quem te conhecia, escutava o som desse choro. Tinhas o teu conceito próprio de sofrimento. Existias só para quem se te sabia ler.

Encontraste-me perdida nas ruas do passado. Trouxeste-me de volta para o presente. Esticaste a tua mão e foste-me buscar onde eu nem sonhava estar. Beijaste a minha história de vida, como quem beija com paixão a sua amante, arrastando-a para uma noite escaldante de sexo.

A tua chegada foi como que uma tempestade. As minhas emoções foram arrancadas das entranhas mais profundas de mim. Fizeste-me descobrir o sabor do desejo de estar viva. Chamaste pelos meus sonhos e ordenaste-lhes que havia um caminho que eles tinham que seguir.

E quando, me voltei a ver ao espelho quase não me reconheci. Aquela que ali estava não era a mesma. Tu fizeste de mim uma mulher nova.

@angela caboz