ainda continuo segurando as lágrimas
nos cantos dos meus olhos
as lágrimas que um dia queria verter
quando encontrei os livros abandonados
que guardaste de mim, para proteger
os nossos sentimentos desencontrados
tinha rebuscado no fundo da gaveta
onde sempre guardas os teus mistérios
fui levada até lá, pela ilusão da caneta
que juraras oferece-me, num dos aniversários
e que, eu julgava por lá esquecida
no meio das fitas, carros e perfumes
mas onde meia perdida
encontrei uma folha amarelecida
com rabiscos já formulados
pequenos textos anotados
onde mencionavas histórias ocultas
que nunca tiveste coragem de contar
desculpas para o esquecimento de datas
que durante anos tentaste ocultar
nesse instante senti o desgosto
do tempo perdido, do tempo não vivido
da celebre manhã de Agosto
em que sumiste como por milagre
deixando marcado o meu rosto
as cicatrizes de quem sofreu um dissabor
desconhecendo a eterna verdade
agora sei que o carinho esquecido
não era mais do que um amor desconhecido
que me estava a encaminhar para a solidão
que me trocarias pela ilusão
de um amor que ainda desconhecias
deixando os fragmentos da nossa memória
esquecendo por completo a nossa história
no manuscrito senti os momentos de riso
aqueles de que nos momentos maus, preciso
que irão contar a grande história
dos nossos momentos de glória
a descoberta deixou-me muito triste
porque de silêncio me vestiste
e no silêncio durante tantos anos me mentiste
mas foi em silêncio que fechei o coração
ajeitando docemente a minha desilusão
para que possas ter a certeza
de que a minha alma não morre de tristeza
a tua ausência está a doer
as lágrimas pela distância eu queria verter
mas a dor está limitando a necessidade
de preencher o vazio que deixaste na felicidade
percebi a diferença entre o sonho e a realidade
desiludida com o amor
pensei em desistir de ser feliz
mas encontrei na minha intensa dor
um motivo para deixar de me sentir infeliz
na ansiedade ia tropeçando nos passos
que destruíram o meu amor
no dia em acreditei em quem não devia
amando quem não me merecia
importando-me por quem eu não sabia
que me estava a atirar para a solidão
abandonando cruelmente o meu pobre coração

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