sentada junto à minha janela
vejo passar o velho pescador
aquele a que poucos dão valor
tem um barco, não uma caravela
sai de casa em dia de vendaval
fazendo da sua vida uma aventura
trabalha muito e ganha mal
porque a vida de pescador é dura
sai com esperança de ganhar para o pão
com que vai poder alimentar seus filhos
deixa a mulher com o coração na mão
rezando para que não surjam sarilhos
pesca uma noite inteira
regressa só ao amanhecer
entra na barra acompanhado pelas gaivotas
que sempre lhe seguem sempre as rotas
leva o peixe para na lota vender
mais tarde será vendido pela peixeira
a quem também ajuda a ganhar a vida

apesar de muitas vezes lhe chamar bandida
volta a casa depois da faina,
para uma pausa bem merecida
logo à noite, de novo se entrega à sua sorte
desejando que não esteja vento norte
para o proteger dos temporais e vendavais
é esta a sua rotina que já vêm do tempo dos pais
de quem recebeu a profissão como herança
juntamente com a lição e  a esperança
de que com o mar podia honradamente alimentar
a família que por ele em casa fica a rezar
é por isso que sempre passa na rua a cantar
para afastar de si todo o perigo
encontrando nos santos o seu abrigo
lá vai o meu amigo pescador
que diz que os homens não choram de dor
que hoje Deus o proteja
para que amanhã de novo o veja

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