o tempo bateu à minha porta
queria saber se ali morava gente
na esperança que não estivesse morta
para me dar uma vida diferente
o tempo conhecia a minha história
sabia das magoas que me consumiam
estava disposto a apagar-me a memória
com as surpresas que ainda existiam
adormecida com tanto contratempo
nem escutei o seu toque
ignorando a batida do tempo
que trazia a minha vida a reboque
o tempo de mim não desistiu
de novo na porta foi tocar
com a sua vontade persistiu
na intenção de a minha vida mudar
desta vez acabei por despertar
com a forte batida do tempo
ensonada e sem saber o que ia encontrar
saltei da cama e caminhei como um cepo
o tempo até ficou assustado
pensando que se tinha enganado na porta
tal deveria ser o meu estado
que até a minha imagem o tempo desconforta
perguntei-lhe o que queria
porque não vinha sozinho
o que à minha porta agora fazia
se há tanto tempo me negava carinho
então o tempo sem mais demoras
mostrou-me a minha nova vida
onde deixariam de existir horas
para chorar pela sua despedida

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