PEDINTE



procurou no bolso
procurou no coração
encontro o remorso
não lhe serviu de consolação
tinha era fome
precisava de se alimentar
um mal que o consome
em que ninguém parece reparar
quem por ele passava
só dizia coitadinho
quando para ele olhava
o que ele precisava era de carinho
esse ninguém lho dava
não tinha quarto
não tinha cozinha
dormia a seu aberto
pedia qualquer coisinha
para que pudesse comer
no inverno sentia o frio
no verão tinha o calor para o aquecer
a sua imagem não tinha brio
não sabia ler nem escrever
só aprendera a pedir
não tinha ninguém para lhe valer
só o mundo para o iludir
era um pobre pedinte
a que poucos ajudavam
por não ter o mesmo requinte
daqueles que por ele passavam
sentia-se rejeitado
pelo mundo era ignorado
ninguém mata a fome a um pobre
mesmo sabendo a tristeza que o cobre

ninguém dá a mão a um irmão
apesar de dizer que é nobre o seu coração
todos dias fica ali triste, na rua
sozinho, com fome e com a alma nua
não recebe nem palavras, nem comida
adormece ali a um canto na avenida
com a barriga a reclamar
e coração a chorar
pede para que apareça uma alma caridosa
que lhe traga comida gostosa
e que com ele fale uns minutos
e que lhe descubra alguns atributos

Comentários

  1. Bom dia Angela

    Poema tristemente lindo...

    Bom fim de semana.
    Beijos

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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