TRISTE SINA




sou filha do vento
nascida nas ondas do mar
numa noite de tormento
em que nem sequer havia luar
corro nas asas do destino
navego ao sabor das horas
entreguei às mãos de um cretino
que me abandonou sem demoras
quando passo na rua as estrelas
até perdem o brilho
pedem-me para fugir delas
porque sou sempre um sarilho
escuto o silêncio por onde passo
vejo que todos me ficam a olhar
sou nesta vida um fracasso
de quem ninguém se quer aproximar
sou mais odiada que o vento
menos desejada que uma dor
assusto até o maior avarento
dou a azar a qualquer escritor
nasci numa noite de tempestade
ao lado de um velho convento
nunca fui benzida pelo abade
por isso, tenho um destino tão agoirento
dizem que quem torto nasce
tarde ou nunca se endireita
eu vejo que a sorte não me cresce
e que o destino só me faz desfeita

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