Gosto de ti, e então!

vida diz-me
que é feito do tempo que me prometeste
dos anos que me concedeste
dos meses em que era suposto viver
dos dias em que devia ser feliz
das horas que prefiro esquecer
dos minutos em que não fiz o que quis

vida diz-me
onde gastei todo o meu tempo
com que ocupei os meus anos
porque tive tantos meses de contratempo
em que os dias foram desenganos
que as horas não podem apagar
e agora só restam minutos até tudo acabar

vida diz-me
porque não me ajudaste com o tempo
porque me roubaste tempos aos anos
fizeste com os meses o meu desalento
nos dias em que só conheci os danos
das horas que sempre me fugiram
e dos minutos que sempre me iludiram

vida diz-me
agora que só te sobram alguns segundos
deste tempo em que somos vagabundos
perdendo os anos a sonhar
com os meses que sempre passam a voar
roubando horas ao tempo
oferecendo minutos ao vento

vida diz-me
porque nos perdemos com o teu tempo
que deixa em nós o peso dos anos
que julgamos não serem mais do que meses
nas horas em que não encontramos alento
para viver os teus escassos minutos como humanos
e só utilizamos os teus segundos para as preces