UMA GOTA DE NADA
Sou uma pequena gota
Na imensidão deste mar
Que se transforma em lágrima rota
Com vontade de chorar
Sou uma parte daquela onda
Que se quebrou na areia da praia
Deixando que a minha gota nela se esconda
E a mágoa se contraia
Sou uma pequena pedrinha
Entre tantos grãos de areia deste areal
Por onde caminho sozinha
Fugindo do mundo real
Sou filha deste lugar
Onde a mãe pariu com dor
Uma filha a quem não sabe amar
Sou a pétala de uma flor
Que preenche este jardim pouco florido
Tento pintar a vida com alguma cor
Para fugir de um desgosto já esquecido
Sou um naco de tudo
E um pedaço do nada
Podia sonhar, com um destino sortudo
Mas, nasci para ser abandonada
Podia ser quase tudo
Mas escolhi, ser quase nada
Até podia, ser um pouco menos sisuda
Se não me sentisse enganada
Nos dias que era apenas gota
Nos anos em que me senti pedrinha
Longe, já vão os tempos de garota
Agora, já pareço uma velhinha
As minhas lágrimas já se afogaram
Nas águas daquela densa onda
Os medos na areia se enterraram
À medida que a força abranda
E a idade acelera
Vendo o imenso mar, apenas de terra
Sem coragem para nele entrar ….
Comentários
Enviar um comentário