UM RASTO FRIO



Procuro um rasto frio
Que anda perdido neste corpo
Onde antes, existia o calor do dedilhar das tuas mãos

Um calor que me aquecia
Este coração agora adormecido
Onde uma alma imperceptível se faz de esquecida
Daquele amor já perecido

O corpo que vive à margem da vida
Onde o amor um dia foi inquilino
De uma paixão muito sofrida

Procuro esse rasto frio
Onde navegava o fervor do teu desejo
Mas esse mar, é hoje apenas a água deste rio
Que corre, sem pressa, contra o ensejo
De quem um dia lhe deu tanto brio

Sente na pele as múltiplas desilusões
De quem lhe ofereceu e depois tirou
A intensidade de todas as suas emoções
Quem, agora o esqueceu e ontem tanto o amou

Procuro pelo rasto
Daquilo que um dia já foste
Uma ilha, onde apenas havia um amor casto
Que sem mais explicar me deu um desgosto

Vivo sozinha
Sem o rasto desse teu perfume
O amor deixou de ser meu vizinho
Cedeu a sua casa a este maldito queixume
Que todos os dias me faz chorar como um tontinha ….

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