Dei por mim, ontem a pensar
que o teu abraço perdeu o calor do Verão
é hoje apenas no gesto banal com cheiro a Outono

até o teu sorriso, já não me sabe calar
porque o tempo lhe roubou a emoção
e fez com que me sinta um coração sem dono
a quem os anos já não sabem ensinar a amar

No meu corpo deixaram de morar as borboletas
a boca já não me sabe a mel
era esse o sabor do beijo,

o ventre deixou de ficar arrepiado,
a pele não sente o apelo do desejo,
essas eram sensações tão concretas
que hoje são só sombras do passado

São as imagens desfocadas de um amor,
O rosto de uma alma que não sabe falsificar a dor
mas, a quem lhe falta a cor para pintar a tela da paixão

Faz tempo ....

que o teu sorriso não escreve nos meus lábios
que o meu peito não sente o ritmo do teu coração
que os nossos sonhos não adormecem juntos
que os nossos desejos não despertam abraçados

Sabes, tenho saudades
de conjugar o verbo amar ao teu ouvido
de escrever a poesia dos sentidos da tua pele

O tempo foi passando sem que eu tenha sentido
E eu, olho em redor e vejo o nosso amor esquecido

Já não existe Verão nas nossas vidas
Agora, atravessamos o longo Inverno de duas almas perdidas
a quem o amor já virou as costas

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