Amores de passagem, que só conhecem o meu rosto...
Já muitos tentaram caminhar no mesmo compasso do meu coração, na tentativa de acertar o passo com os meus sentimentos.
Traziam com eles sonhos por realizar. Procuravam conforto e um corpo para abraçar. Soltavam palavras doces nos meus ouvidos. Frases feitas sobre o joelho para enfeitiçarem a minha alma, que por vezes parecia desacompanhada e sedenta desses gestos de carinho. Por isso, na tentativa de me conquistarem ensaiavam gestos de desejo copiados de um qualquer filme, de que já não lembravam sequer o nome.
Eram esses os sentimentos matreiros de quem não me entende. E, por me julgar só e carente, se oferecia para me aquecer o corpo. Sem reparar que o que eu procurava era quem me aquece e confortasse a alma. Uma sensibilidade que eles não percebiam.
Eu procurava quem me curasse as feridas da alma. Uma alma dorida de lembranças antigas.Uma alma que precisavam de ser embalada pelas alegrias de hoje. Alegrias, que tivessem pés para andar. Alegrias que caminhassem rumo ao futuro.
Esses que me procuram nada mais são do que corações também eles incompletos. Repletos de desilusões em tudo iguais às minhas. Por isso, procuravam ilusões momentâneas que lhes saciem os corpos famintos de paixão e desejo. Então, tentavam semear esse sentimento em sonhos alheio, sonhos de outros que não lhe pertencem.
São esses corações que batem na minha porta. Corações que me acenam com uma mão e me dizem adeus como a outra. Corações que nada têm, para acrescentar ao meu viver.
Só que eu quero ser mulher de um só amor. Procuro carinho e conforto. Um porto de abrigo para o amor e não apenas uma onda marota onde a paixão se diverte. Estou cansada de promessas desenhadas num sorriso. Juramentos, que mais tarde são lágrimas num olhar solitário. Quando vejo o amor partir, para parte incerta. Uma chuva de mágoas sem fim à vista.
São estes amores que me desejam, sem tocar alma. Amores de passagem, que só conhecem o meu rosto e nem sequer comunicam com o meu coração. Nada trazem, pouco levam. Fico sozinha, mas sempre acompanhada pelos meus sonhos. Os meus sonhos, esses sim, são fiéis à minha alma. Até noites frias de insónia eles lá estão para me abraçarem.
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