Despi-te com um olhar (1)




A primeira roupa que te tirei foi com os olhos. Foram eles que te despiram pela primeira vez. Tiram-te toda a roupa, deixaram-te nu. Foram os olhos que te viram para além do que eu pensava ver.

Foi ali, mesmo no meio da rua, no nosso primeiro encontro que eu te despi sem te tocar. De olhos fechados vi tudo o que não me contaste.

Ainda hoje, te amo assim de olhos fechados. Calma e serena, sabendo que és só meu, porque dessa forma que eu te vi, mais ninguém te vai ver. O que os meus olhos encontraram em ti passará desapercebido a qualquer outro olhar que se cruze contigo.

Pudesse a vida durar apenas e só uma noite. Uma noite em que o sonho de viver nos pudesse levar nessa viagem que é a vida. Um só luar, uma noite estrelada em que cada estrela seria uma pessoa com quem nos cruzávamos.

Pudesse a noite ser mais do que essa ilusão que o amor pode ser eterno e vivido nessas curtas horas em que a noite dura.

Por certo iria aproveitar para conjugar todos os verbos que definissem sentimentos. Todos os verbos sem tempo que rimassem com amor. Iria aproveitar cada segundo para mostrar os meus sentimentos a quem a vida me destinou. Iria construir o meu sonho. Um sonho com coragem e ousadia para se atrever a pisar as areias movediças da paixão.

Pudesse a vida durar apenas e só uma noite e tu ficarias eternamente despido, tal como eu te vi na primeira, ainda mesmo de tu me teres visto.



@angela caboz

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