Deixa-me ficar



Deixa-me ficar entre o frio da solidão e o calor de um sonho. 

Não me acordes desta ilusão em que me deixei embalar. Eu caminhava perdida no meio de uma solidão sem nome. Já nem sequer me lembrava de quem era. Tinha todos os nomes que me pudessem vir à memória e não me conseguia identificar com nenhum deles. 

Tu eras o calor de um sonho, onde me encostava para fugir do frio. Tu eras esse abraço em que me perdia e não te encontrava. Tu eras o bafo quente de uma ilusão a que eu teimo chamar amor, mesmo sem saber qual era o seu sabor. 


Tudo parece confuso, mas deixa-me ficar aqui no meu canto, não me acordes. 


Deixa-me ficar entre o oito e o oitenta, deixa de contar os minutos. Não percas o teu tempo para parar o meu relógio. Ele já está tão atrasado que dificilmente irá um dia caminhar ao ritmo do teu.

Deixa-o estar assim, deixa-o continuar no seu compasso. Ele já está habituado a este passo. A vida depois, no momento certo, logo o acerta. A vida é que lhe vai ensinar qual é o tempo certo para ele despertar. 


O que tiver que ser acontecerá numa qualquer hora. 

Vai à tua vida e deixa-me estar aqui entre o frio e o calor, é que tu não sabes mas eu gosto de extremos. Afinal sempre foi assim que eu vivi. Entre o nada e o tudo. O nada que todos os dias acontecia, mesmo sem eu pedir. O tudo que eu visitava nos sonhos e que se esquecia de entrar na minha vida. Sempre foi assim, por isso continua a tua viagem, quem sabe se não nos vamos encontrar por aí, num lugar qualquer em que a vida nos queira colocar.


@angela caboz

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