Os cheiros também são uma forma de saudade.
Os cheiros que um dia senti e que se arrastaram no tempo, sem me sair da memória.
O cheiro da rosa que me ofereceste, enquanto passeávamos no jardim. Uma rosa vermelha que eu guardei e que me faz recordar o teu cheiro de cada vez que lhe toco, apesar de ela já estar seca e descolorida.
Mas, sabes eu guardei-a uma caixinha para que fosse uma das muitas recordações que tenho do nosso amor. E de cada vez que sinto saudade vou lá, desato o laço cor-de-rosa, que na época eu costumava usar no cabelo, e fico ali a cheira-la e acaricia-la, recordando os tempos felizes do nosso amor. Era a mais linda das flores que ali existia, naquele jardim que era o nosso recanto secreto e tu foste colhe-la só para mim.
Também recordo o cheiro a mar, o aroma da maresia que nos perfumou a pele, numa manhã de final de Verão em que decidimos ir caminhar no areal de uma praia deserta.
Ainda me lembro das ondas marotas que me salpicavam as pernas e de como segurava o vestido branco de cambraia, para que ele não ficasse molhado.
Recordo o teu olhar malicioso, os teus comentários atrevidos sobre as minhas pernas. O ar carinhoso como me abraçaste ali junto à água e o tempo infinito que ficamos colados um ao outro.
E hoje de cada vez que me cheira a maresia lembro de nós dois.
Os cheiros também são recordações.
O teu cheiro ficou entranhado na minha pele, nas minhas mãos e essa é uma das melhores lembranças que tenho de nós. O cheiro eterno do nosso amor.
@angela caboz
Comentários
Enviar um comentário