Outono





O Outono chegou
Tingiu as folhas das árvores,
que vão ficando despidas.
Há folhas caídas, por este chão que piso.
Há silêncio nas ruas por onde caminho.
Faltam as gargalhadas das crianças.
Faltam as cores
dos sonhos sonhados nas tardes de Verão,
e nas noites em que o calor da ilusão
nos fazia acreditar
que nunca seria Inverno nas nossas vidas.
O Outono chegou,
fechou a porta do calor.
Trancou a janela, por onde saltava o amor.
E a vida, ficou despida ,entregue à solidão.
A flor secou. O silêncio gritou.
A lágrima transforma-se em chuva.
O vento frio traz com ele o medo.
Rouba-nos a coragem.
Faz-se desta estrada o fim da viagem.
A casa está cheia, mas já não é Verão.
A casa está cheia daqueles
que com o tempo também partirão.
E, eu olho-me no espelho e vejo o Outono.
Há rugas no meu rosto
Folhas deste meu viver espalhadas pelo chão.
Há medo naquela face
Memórias de quem já viveu
e hoje se deixa levar pela solidão.
Batem-me na porta.
Deve ser o Inverno. Não vou abrir.
Ainda é cedo para ele chegar.
Ainda não aceitei a chegada do Outono!
Já ele quer entrar.
Que vá dar uma volta e regresse mais tarde.
As minhas gargalhadas ainda não adormeceram
e o Inverno vai mesmo ter que aguardar.
Quero que seja Outono, até o medo me matar.
Quero que seja Outono
Sem nunca me conformar que o tempo um dia vai acabar...
@angela caboz

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