Parecia um mendigo
Ficavam-lhe a olhar quando passava


Alguns temiam pelo perigo
Diziam que a meio mundo ele assustava
Ninguém lhe conhecia morada
Não se sabia do que se alimentava


No rosto tinha a tristeza pintada
Pela sorte que lhe faltava
Não tinha nada e sobrava-lhe tudo
Recebia o que já ninguém queria
O que era lixo para o mundo
Para ele era a fortuna que o alegraria


Sobrava-lhe o frio nas noites de Inverno
Dividia calor nos dias de Verão
Não reclamava que a sua vida era um inferno

Sempre encontrava uma explicação
Para o que ninguém compreendia

Tomara de assalto o velho casarão
Que não sabia a quem pertencia
Onde sonhava ter tudo o queria
Não era um mendigo,
E nada ele pedia
Nem sequer um perigo

Era apenas alguém que vivia na solidão
O único presente que recebera da vida
E na falta de melhor servia-lhe de consolação


@angela caboz    

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