Sou tão eu que já te esqueci

 





Sou tão eu que me recordo de nós e ando pelas ruas despida, sonhando que as tuas mãos ainda me vestem!
Vou aos lugares onde em silêncio me gritaste o quanto me amavas e é no meio dessa solidão que semeio as nossas eternas recordações. 
Olho para todos esses lugares e fico à espera de ver o amor a (re)nascer. 
Calo o coração que desespera, dizendo-lhe que o futuro está prestes a chegar. O passado, que ainda está fresco, são os teus braços onde os meus sonhos se perdem para que não existam embaraços quando a lembrança se cruzar comigo numa esquina sem nome para onde a vida me chamou para continuar a procurar quem um dia me amou.
Sou tão eu, quanto todas essas memórias que o tempo escreveu enquanto eu chorava por um amor que me tinha dito adeus. 
Sou o rosto dessa memória que o destino espalhou pela minha vida. Uma história sem vida em que o amor foi apenas um capítulo escrito numa tinta sem cor, que ninguém conseguirá ler.
Sou mais eu depois da tua partida!
Guardo agora os sentimentos que espalhaste pelos meus dias e que na ânsia de partires não levaste contigo. 
Hoje são eles o meu porto de abrigo.
Sou tão eu, que (des)aprendi de chorar no dia em que te perdi. 
Olhei-me ao espelho e estava mais velha, mas preenchida com o amor que me abraçou sem me dar opção de escolha. Ele calou todo o sofrimento que estava a nascer e mandou-me viver. Disse-me que são as recordações que nos mantêm vivos. As recordações são retratos dos momentos em que vivemos sem dar ouvidos ao tempo.
Sou tão eu que já me esqueci de que um dia fui tua.

@angela caboz

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