OS MEUS POEMAS

Rasguei os meus poemas,
apaguei as palavras soltas
para acabar com os problemas,
bem como com as magoas ocultas...
Desfiz-me destes pedaços de mim
onde desnudava a minha loucura,
com versos que diziam enfim
que tenho um mal sem cura...
Eram as lágrimas de uma vida,
quimeras da minha existência,
contavam de forma mais atrevida
o que eu escondia com frequência...
Nem sei se eram poesia
ou só, meras palavras amontoadas,
para mim eram só uma fantasia
a companhia das horas amarguradas...
Revia-me no que escrevia,
ali entendia o que eram os sonhos,
por vezes chorava enquanto os lia
por ver o mundo pelos meus olhos...
Tinham a minha forma,
usavam o meu perfume,
seguiam a minha norma,
conheciam a dor que me consome...
Rasguei-os num instante de desespero,
em que me senti cansada de sofrer,
em que achei que tudo era exagero,
em que desisti de querer escrever...